terça-feira, 1 de julho de 2008

Livro de reclamações...

Passamos grande parte do nosso tempo a reclamar, é porque os combustíveis aumentam, é por causa das filas no supermercado, por causa do barulho dos vizinhos, enfim, um chorrilho de lamentações. E como tal, a criação do conhecido livro de reclamações veio aumentar a qualidade d vida portuguesa. Isto é, antigamente, quando éramos ludribiados pela CP, por exemplo, íamos reclamar com os funcionários das bilheteiras, agora, dirigimo-nos a eles pacificamente e solicitamos o dito cujo! Ora esta atitude socialmente correcta livra os pobres funcionários de conversas inúteis e legitimam a nossa queixa. Isto é, pensamos que temos toda a razão em reclamar ao mesmo tempo que fornece um tratamento VIP. Basicamente afaga-nos o ego!
O mais interessante é mesmo assinar o tal livro. Neste fim-de-semana viajei na CP e estranhando a diferença de preços para um mesmo percurso no mesmo dia solicitei a belo livro vermelho! Fui cordialmente atendida pela funcionária que se encontrava na bilheteira que me passou prontamente o livro. Estranhamente, ou não, parecia estar habituada a tal procedimento. A minha suspeição foi confirmada quando desfolhei o livro em busca de uma página em branco. Eram mais aquelas escritas que as imaculadas... Lá encontrei o espaço dedicado ao meu queixume. Simplesmente fiquei estupefacta com o poder de síntese exigido pelo criador do livro! Depois de colocarmos a nossa identificação e a da empresa que "supostamente" nos lesou damos largas à escrita num espaço que se remete a poucas linhas... Mas afinal o que é isto, a lamentação tem quantificação e obedece a regras? Mas então não é lamentação que se digne! Haveria sim de ser um livro em aberto, onde pudéssemos exorcizar a nossa raiva, como se de um exercício terapêutico se tratasse! Decerto terá sido invenção de economista esperançado em poupar tempo e dinheiro!
Ora acontece que enquantoi se rascunha o livro, inúmeros são os transeuntes que deitam o olho, a curiosidade é tanta que não se contém... Não sei se será o drama que assambarca tal momento que quase se reveste de uma solenidade quase mórbida se a típica crítica à portuguesa! Ora bem, certo é que depois de finalizado o processo já me sentia mais aliviada. E lá fiquei com a marca do momento, um triplicado para mim, um para a posterioridade no livro e outro para a entidade competente!
E como tal, lá ficará mais uma peça para guardar e um dia desenterrar do baú das velharias! Talvez haja para aí coleccionadores de reclamações, aquelas pessoas que têm uma aptência particular para fazer justiça, talvez finalmente sintam que encontraram o seu lugar no mundo!

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