O nascimento da Sic (em 1992) veio rivalizar com a RTP, assim, havia que inventar algo que concorresse com a já bem instalada televisão pública. É assim que se dá início à já esquecida arma de estupidificação massiva em Portugal. O seu nome curto e conciso não faz juz ao seu poder nem à sua capacidade de iludir tudo e todos, o famosíssimo DOT!
Para quem ainda se lembra, este pequeno círculo com diâmetro de cerca de três centímetros que se colocava no canto superior direito do televisor posicionado sobre um ponto vermelho existente na emissão, possuía uma "importante película" com propriedades que permitiam a sua validação ou não. Esse Dot era oferta de várias revistas e quando validado estaria em condições de ser enviado para entrar em diversos sorteios! As cláusulas que circundavam esse concurso abuliam o zapping (se o inocente espectador mudasse de canal o tal Dot seria automaticamente invalidado) bem como nos obrigavam a ver os programas que o Sr. Sic escolhia! Foi, quem sabe, das mais singelas armas anti-democráticas na Tv!
Há uma coisa que não entendo, se os adultos (a maioria) munidos de um pensamento mais avançado (estádio das operações formais segundo Piaget e que nem todos atingem) não puseram em causa a veracidade de tal estratégia de marketing, as crianças e jovens (ainda a percorrer as várias etapas do dsenvolvimento) por seu lado apresentavam várias atitudes de apreensão (felizmente!) perante tal objecto. Senão pensemos, quantos Dots não terão sido desfeitos pelas crianças ávidas de saber e de espírito científico, quantas perguntas pertinentes não terão sido feitas e repentinamente ignoradas pelos adultos e quantas violações destas cláusulas não terão sido efectivadas?
Este estratagema veio dar uma falsa ideia de interactividade e de poder dos indivíduos já que mecanicamente colavam pseudo-cículos-fotossensíveis no televisor, aguardando a sua participação em sorteios. Este círculo vicioso ao mesmo tempo que destruía a concorrência (proibindo o zapping), promovia certos programas (nem todos os programas da emissão tinham direito a Dot), aumentava a venda de algumas publicações da imprensa (as revistas que ofereciam o Dot) bem como popularizava a recém-criada estação!
E assim, rapidamente se instalou a febre do Dot!
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