sábado, 12 de abril de 2008

Época das trevas


Ora eu sei bem que o oralidade se bem utilizada pode disfarçar certas posições mais polémicas! Isto é, se eu veicular uma ideia polémica através de conceitos elaborados irei camuflá-la e provavelmente não será tão agressiva ao receptor da mensagem.


Será interessante reparar no exemplo seguinte: "Lisboa, 11 Abr (Lusa) - O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou hoje que será aprovado na próxima semana o Plano Nacional para a Eficiência Energética com o objectivo de reduzir o consumo em dez por cento até 2015." (fonte: http://www.sapo.pt/ ). O que quererá o cidadão em causa dizer? O mais despercebido iria pensar que esta atitude constituiria uma mais valia para Portugal enquanto que o mais atento remeteria a sua atenção para a proximidade de uma época das trevas. Então, para nos precavermos contra esta inevitabilidade seria importante: irmos aos sotãos dos nossos avós buscar os velhinhos candeiros a petróleo, improvisar salgadeiras porque frigoríficos irão passar à história e aproveitar o programa amb3e para nos livrarmos dos monos que funcionam a electricidade.


Esta estratégia constitui, igualmente, uma decisão relevante em termos nacionais dada a tendência para o envelhecimento da população. Assim, com a electricidade a ser cortada ao anoitecer, iríamos para a camita mais cedo e a taxa de natalidade decerto iria sofrer um importante incremento.


A taxa de criminalidade diminuiria dado que os notívagos iriam privar-se das suas incursões pelos bares e discotecas, não havendo, assim ninguém para assaltar. Finalmente, pela redução no uso de equipamentos electrónicos a taxa de doenças cancerígenas também sofreria um notável decréscimo.


Sem dúvida que podemos estabelecer um paralelismo entre a chamada Alta Idade Média que pode ser considerada época de trevas e de atraso cultural (resultante da decadência do Império Romano do Ocidente e das consequentes invasões bárbaras germânicas) com a actualidade, sendo que esse paralelismo será metafórico.


Notícia de última hora veicula que os velhinhos computadores 486 existentes nos diversos organismos públicos serão atirados para variados núcleos museológicos de modo a dar lugar ao papel e caneta inserindo-se esta decisão na tendência generalizada de poupança energética.

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